POR QUE OS FISIOTERAPEUTAS PRECISAM CONHECER E PRATICAR O PILATES

POR QUE OS FISIOTERAPEUTAS PRECISAM CONHECER E PRATICAR O PILATES

O Pilates se tornou um método altamente conhecido e difundido no mundo inteiro.

Não há dúvidas que ele é fantástico, criado por uma pessoa genial.

Ele foi incorporado dentro da fisioterapia, porém, poucos fisioterapeutas incorporaram a fisioterapia dentro do método.

Com o boom do Pilates e a abertura de um estúdio em cada esquina, os conhecimentos de reabilitação foram se perdendo dentro do conceito de usar a cinesioterapia, que foi embutida empiricamente por Joseph Pilates no método criado por ele.

Muitos fisioterapeutas perderam o hábito de olhar para as disfunções e analisar cada paciente como um conjunto único.

E por serem únicos, os indivíduos não devem ser moldados para o método Pilates, mas os exercícios de Pilates devem ser cuidadosamente escolhidos para cada pessoa após uma avaliação criteriosa de sua postura, limitações, fraquezas e disfunções, sem esquecer, claro, da mecânica causal das dores que acompanham este indivíduo.

É pensando em resgatar os conhecimentos de cinesioterapia na prática que surgiu o Pilates Clínico, que traz na sua essência os saberes da fisioterapia e o olhar clínico do fisioterapeuta, que o diferencia de todos os outros profissionais que ensinam o método no Brasil e no mundo.

Somos muito mais do que instrutores de Pilates.

Somos fisioterapeutas que levam dentro de nossa caixa de ferramentas o Pilates como método de reabilitação.

É assim que penso que os fisioterapeutas deveriam enxergar o método Pilates e usá-lo de forma criteriosa, não apenas com receitas de bolo e exercícios mirabolantes com poses lindas para as redes sociais. Pense nisso!

 

O que é Pilates Clínico?

Pilates é um sistema de exercícios que engloba controle do movimento, flexibilidade, alongamento, coordenação, equilíbrio, força e respiração, tudo conectado e coordenado dentro de um mesmo método.

Originalmente chamado Contrologia, o Método foi criado por Joseph Pilates como uma forma de exercícios de baixo impacto adequado para qualquer um. Foi, no entanto, mais popular entre os dançarinos por muitos anos.

Joseph descreveu Contrologia como um sistema que desenvolve o corpo uniformemente, corrige a postura errada, restabelece a vitalidade física, revigora a mente e eleva o espírito (Pilates and Miller, 1998).

O Pilates se tornou popular hoje em dia não só pelo desempenho físico, mas também como ferramenta de programas de reabilitação, por se mostrar altamente efetivo no tratamento das desordens musculoesqueléticas e outras condições (Byrnes et al., 2018).

Considerando o Pilates como forma específica de exercícios de reabilitação, o método foi provado como uma ferramenta muito útil para ajudar as pessoas a melhorar a função física em variadas fases da vida e diversas condições físicas (Di Lorenzo, 2011).

Byrnes e seus colegas conduziram na Universidade de Macquarie, Austrália, uma revisão sistemática sobre a eficácia do método Pilates na reabilitação de diversas condições físicas no ano de 2017. Foram avaliados 23 estudos, publicados entre 2005 e 2016.

A conclusão foi que a maioria dos ensaios clínicos randomizados (19 dos 23 analisados) mostraram que o método Pilates se mostrou mais eficaz que outros métodos para tratar dor e incapacidades de diferentes tipos, sendo uma importante ferramenta de reabilitação.

O Pilates é definido como Pilates Clínico, portanto, quando o fisioterapeuta utiliza os princípios e exercícios do método Pilates como ferramenta de reabilitação.

Os exercícios de Pilates escolhidos para tratar cada condição física são definidos após o indivíduo ter sido submetido a uma avaliação físico-funcional minuciosa a fim de determinar seu histórico de saúde geral, as alterações posturais, fraquezas, dores e mecânica causal das disfunções de movimento, limitações de movimento, incapacidades, sequelas motoras (se houver) e outras condições físicas.

Desta forma, cada exercício escolhido dentro da conduta com o Pilates Clínico tem um porquê de estar no plano de tratamento e nenhum exercício é feito de forma aleatória. Cada exercício é indicado pensando no tratamento da disfunção/alteração que se deseja melhorar, respeitando sempre os princípios do método Pilates.

É interessante pontuar no entanto, que o Pilates Clínico não apenas trata indivíduos que apresentem alguma queixa. Ele se adequa a qualquer condição física e qualquer idade, adaptando o Pilates para idosos, gestantes e até crianças.

O que muda é o olhar do fisioterapeuta para que o indivíduo tenha o melhor proveito possível do método, escolhendo cuidadosamente os exercícios que irão melhorar a postura, capacidade física do indivíduo e compensar os hábitos posturais inadequados no dia a dia, pensando em uma longevidade com saúde e qualidade de vida.

 

Para quem é indicado o Pilates Clínico?

Considerando as afirmações supramencionadas, o Pilates Clínico é indicado para qualquer condição física e qualquer idade.

Porém, existem algumas situações em que passa a ser imperativo o uso do Pilates como ferramenta de reabilitação, sendo considerado assim Pilates Clínico.

Veja a seguir as principais disfunções/doenças que são tratadas com Pilates Clínico:

  • Protusões/Hérnias Discais
  • Artroses
  • Osteoporose
  • Discinesia Escapular
  • Espondilolistese
  • Espondilite Anquilosante
  • Estenoses
  • Escolioses
  • Retificações
  • Hiperlordoses
  • Lombalgias
  • Ciatalgias
  • Cervicalgias
  • Hiper e Hipomobilidade – Principalmente da Coluna Vertebral
  • Pós Operatório de Cirurgias de Coluna/Joelho/Ombro
  • Disfunções Articulares: Bursites, Problemas de Meniscos, Síndrome Patelo-Femoral, Capsulite Adesiva, Lesões de Labrum, Disfunção Sacro-Ilíaca e Outras Condições Articulares Limitantes
  • Tendinites Crônicas
  • Alterações de Marcha e Equilíbrio
  • Sequelas Neurológicas
  • Fraqueza Muscular
  • Limitações de Amplitudes de Movimento Articular
  • Incontinência Urinária

 

Benefícios do Pilates Clínico

Os benefícios do Pilates vão muito além da questão física.

O método provou melhorar a flexibilidade, coordenação motora, equilíbrio, reduzir dor e incapacidade, além de entrar também na esfera de benefícios psicológicos como diminuição da ansiedade, melhora do sono, da atenção e concentração (Pilates and Miller, 1998; Küçükçakır et al., 2013; Nora Tolnai et al., 2016).

Dependendo da abordagem que se deseja com o paciente, baseado nos objetivos do tratamento definidos após uma correta avaliação, os benefícios do Pilates Clínico variam e estão diretamente relacionados com a correção da disfunção que se deseja tratar.

 

A seguir listamos alguns benefícios baseados nas disfunções que o Pilates Clínico pode tratar com sucesso.

Na esfera da reabilitação, os benefícios do Pilates Clínico incluem:

  • Melhora das disfunções e limitações de movimento;
  • Correção postural e alívio da mecânica causal das dores originadas por alterações posturais como retificações, hiperlordoses e escolioses;
  • Melhora do equilíbrio e marcha;
  • Tonificação muscular e diminuição do impacto intra-articular, reduzindo a progressão de doenças articulares como a artrose e tendinites de repetição;
  • Estabilização segmentar na coluna, prevenindo e corrigindo a evolução de disfunções como listeses, discopatias, lombalgias, cervicalgias e ciatalgias;
  • Melhora da mobilidade articular;
  • Aumento da massa óssea, evitando de forma segura fraturas em casos de osteoporose;
  • Melhora da biomecânica articular e prevenção de novas lesões;
  • Diminuição do impacto intra-articular com o fortalecimento da musculatura peri-articular;
  • Estabilização e fortalecimento das cinturas escapular e pélvica;
  • Melhora da função motora como um todo;
  • Fortalecimento do assoalho pélvico;
  • Diminuição de sequelas neurológicas e melhora da reabilitação física geral.
  • Diferença entre Pilates Clínico e Pilates “Convencional”
  • A principal diferença do Pilates “Convencional” para o Pilates Clínico está no olhar do profissional e na escolha dos exercícios.

 

No Pilates Clínico os exercícios são escolhidos baseados no objetivo definido após a avaliação físico-funcional a fim de tratar as disfunções e alterações posturais identificadas.

Já no Pilates “Convencional” as pessoas não necessariamente passam por uma avaliação prévia e os exercícios seguem a sequência determinada pelo instrutor, pensando em trabalhar o corpo globalmente, sem se preocupar com as adaptações que cada indivíduo precisa.

 

Abaixo segue a lista das maiores diferenças entre o Pilates Clínico e o Pilates “Convencional”:

Concluindo…

Como pode-se perceber, o Pilates Clínico é a forma mais segura e adequada de reabilitar diversas disfunções, principalmente do aparelho locomotor, utilizando das técnicas de reabilitação aliadas ao conhecimento e princípios do método Pilates, sendo possível colocar a cinesioterapia na prática e escolha dos exercícios.

Sem esquecer claro, do conhecimento de biomecânica e o estudo dos movimentos corporais, para que se tenha os melhores resultados com a prática do Pilates de forma personalizada.

O Pilates Clínico, para alguns, funciona como um programa de reabilitação e, para outros, será uma atividade benéfica, segura e eficaz após uma etapa da reabilitação com fisioterapia convencional, por exemplo.

Para outros ainda é uma forma mais completa e personalizada de melhorar os hábitos posturais e se beneficiar da prática de Pilates como atividade que proporciona mais saúde e bem-estar, garantindo anos de vida com qualidade.

Seja qual for o motivo que levou uma pessoa a procurar o Pilates Clínico, para o fisioterapeuta é uma forma de usar e enxergar o método Pilates como uma importante ferramenta terapêutica e somar os conhecimentos aprendidos ao longo dos anos de estudo na fisioterapia aos conhecimentos ensinados por Joseph e que estão em constante aprimoramento, pensando sempre em entregar o melhor aos seus pacientes.

 

Referências Bibliográficas
Byrnes, Keira.; Wu, Ping-Jung;  Whillier, Stephney. Is Pilates an effective rehabilitation tool? A systematic review. Journal of Bodywork & Movement Therapies 22, pag 192- 202, 2018.
Di Lorenzo, C.E. Pilates: what is It? Should it Be used in rehabilitation? Sports Health 3, pag. 352 a 361, 2011.
Küçükçakır, N., Altan, L., Korkmaz, N. Effects of Pilates exercises on pain, functional status and quality of life in women with postmenopausal osteoporosis. J. Bodyw. Mov. Ther. 17, pag. 204 a 211, 2013.
Nora Tolnai, Z.S., Köteles, Ferenc, Szabo, Attila. Physical and psychological benefits of one-a-week Pilates exercises in young sedentary women: a 10-week longitudinal study. Physiol. Behav. 163, pag. 211 a 218, 2016.
Pilates, J.H., Miller, W.J. Pilates’ Return to Life through Contrology. Presentation Dynamics Incorporated, Place, 1998.